Roupa para cachorro: quando usar e como fazer o cachorro acostumar

Roupa para cachorro: quando usar e como fazer o cachorro acostumar?

Roupa para cachorro: quando usar e como fazer o cachorro acostumar

Você já se perguntou o que se passa na cabeça de seu cachorro quando colocamos uma roupinha nele?

Hoje o mercado pet é vasto e não faltam opções para todos os portes e gostos. Ainda, com o avanço da internet e o boom das redes sociais, vemos muito mais cães sendo expostos aos nossos contextos e virando influencers. Não é de se espantar que alguns outros acabam criando uma certa aversão à roupas ou acessórios, seja fugindo, reagindo ou ficando completamente imóvel quando colocamos algo neles. Já pensou por que isso acontece?

É importante entender que apesar de vermos cães adaptados às mais diversas roupas e adereços, não é normal para a espécie ter algo que impede seus movimentos (ou pelo menos dá a percepção num primeiro momento).

O que devemos nos atentar aqui é que a internet nem sempre nos mostra os bastidores dessas cenas e quando tentamos reproduzi-las, acabamos pulando várias (senão todas) as etapas de um processo de habituação.

Antes de falarmos sobre, é bacana compreender que sim, alguns cães são naturalmente mais permissivos, dóceis e previsíveis e que nunca passaram por nenhum protocolo de habituação e lidam muito bem com roupas e acessórios, mas saiba que apesar de acontecer, são exceções e o bom comportamento é meramente por sorte.

Qualquer acessório no corpo de um cão é algo que inicialmente o incomoda em algum grau, mesmo que pequeno. Mesmo que as intenções do uso de algo no cão seja para seu próprio bem, como uma roupa cirúrgica (que protege os pontos), uma capa de chuva ou uma simples roupa para protegê-lo do frio, cães não entendem suas intenções, sejam elas boas ou não.

Ao colocar um acessório, vemos alguns tipos de reações, como:

“Congelamento” ou imobilidade: pode ser um comportamento gerado por medo ou desconforto. Apesar de engraçadinho, para eles isso pode ser um pesadelo!

Fuga ou reação agressiva: aqui, o cão está usando mecanismos provenientes do medo, e tais comportamentos são extremamente normais se ele está tentando comunicar algo, fique atento! Em ambos, é preciso uma atenção mais cautelosa para que o cão consiga participar disso de forma mais voluntária e menos compulsória, pois o comportamento pode sim se agravar.

Ansioso/agitado: seja inquietação, mordidas no acessório ou nas mãos da pessoa que o está manipulando. Esse comportamento pode ser para evitação (para que a gente pare de tentar manipular), ou apenas por não entender que isso não é uma brincadeira. Aqui, o mais adequado seria criarmos comportamentos mais calmos relacionados ao acessório antes mesmo de apresentá-los. Um cão agitado pode ter outras causas que não necessariamente tem correlação com essa atividade (ele pode estar ansioso por outros motivos e estamos fazendo num momento inoportuno).

O “bonzinho”: talvez o menos notado é o cão que se “comporta”. Ficar quietinho não necessariamente significa que ele esteja confortável com isso. É importante notarmos sua postura corporal e comparar como ela é quando ele está sem o acessório, num momento mais relaxado e à vontade.

Os sinais mais comuns de desconforto do cão são: rigidez muscular (músculos tensos, movimentos lentos), olhos cerrados, orelhas baixas ou caídas, cauda baixa (não necessariamente na barriga), licking (comportamento de lamber o nariz), bocejos e desinteresse em petiscos.

Mas será possível habituar um cão para acessórios estéticos, mesmo que para ele não haja finalidade tampouco propósito?

Sim, contanto que estejamos atentos ao seu bem estar. Mesmo para finalidades meramente estéticas e publicitárias, é possível criarmos associações positivas e habituar o cão, mas é preciso paciência, treino e muito respeito.

Não menos importante, é necessário frisar que qualquer acessório que cause dor é totalmente desaconselhado por motivos óbvios. Sempre esteja atento se o acessório causa atrito e machuca a pele do animal ou puxa os pelos de seu corpo. Observe se a roupa o aperta, ou está folgada demais (fazendo com que ele tropece). Se sim, seja consciente e descarte o uso.

Como podemos fazer essa habituação?

Aos poucos, sempre com paciência e sem tentar já fazer todo o processo numa única tentativa. Por exemplo: ao habituar uma roupa, não tente abotoar ou fechar ela no corpo do cão já de uma vez, principalmente se o cão já é mais inseguro ou agitado demais.

Habitue ele a colocar e tirar a cabeça, deixando que participe das escolhas. Induza ele sempre com algo gostoso de comer, guiando-o ao buraco da cabeça e se ele quiser tirar, deixe que tire (ou saia). Quanto mais controle o cão tem da situação, mais ele confia em você e no processo. Fazendo isso, minimizamos drasticamente as chances de que ele use comportamentos agressivos para demonstrar desconforto.

Lembre-se: cada cão é único e é extremamente importante levar em consideração suas particularidades. Observe a necessidade dos acessórios para ele, o quanto isso é mesmo necessário ou não. Cães de pelagem longa ou de pelagem com subpelo, não precisam usar roupas como cães de pelagem curta ou rala. Tais acessórios além de promoverem mais calor onde não precisa, podem criar nós nos pêlos nos locais de atrito ao tecido.

Se não habituados à tempo, proporcione o conforto térmico com mantas e locais de abrigo protegidos e não necessariamente uma roupa.

O mais importante a se considerar em todo e qualquer processo de habituação é: Vá sempre no tempo do seu cão!

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Thamires Pacheco

Thamires Pacheco

É comportamentalistas canina desde 2014. Anteriormente auxiliar veterinária, atuante em hospitais e clínicas veterinárias. Juntamente ao noivo, possui a empresa Ludicão Educação e Bem-Estar Canino. Uma das responsáveis pela capacitação de voluntários do Instituto Cão Terapeuta e também da avaliação dos novos cães co-terapeutas. Ministra curso de comunicação e linguagem canina para auxiliares veterinários, monitores de day care, policiais da Guarda Civil de Cotia, além das aulas e consultoria para tutores de cães. Palestrante no PetExperience de 2019 à convite da PetGames. Em 2021 palestra para o COMVEC (Congresso Online de Medicina Veterinária Comportamental de Pets).

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