Fogos de artifício: Como posso ajudar meu cão?

medo de fogos

Quando falamos em “medo de fogos de artificio” não podemos falar deforma genérica, como se o mesmo valesse para todos os cães. O grande X da questão é compreender que existem graus, respostas e gatilhos diferentes. Pra melhor compreensão, dividiremos em 3 as respostas/sentimentos e a forma como cada cão pode lidar: Medo, ansiedade ou fobia.

Importa lembrar que; a genética, o contexto onde o cão passou seus primeiros dias de vida, experiências no geral e traços individuais também podem influenciar.

ANSIEDADE: onde o animal antecipa um resultado negativo a uma ameaça desconhecida e, portanto, o corpo e a mente se ajustam para saber se precisam “lutar ou fugir” da situação.

MEDO: o animal tem uma resposta emocional a um estímulo existente e o considera potencialmente perigoso. O animal, portanto, evita que a situação aumente suas chances de sobrevivência. É mais provável que um animal com medo se deteriore em seu comportamento ou desenvolva outros medos não relacionados a fogos de artifício. Existem 2 tipos amplos de medo:

1) Temperamental – influência genética e traços são parcialmente herdados
2) Desenvolvimento -Onde não há encontro positivo com um gatilho durante o período de socialização de um filhote.
b) Através de estresse crônico a que foi submetido muito jovem.
c. através da associação com uma experiência traumática. Estes tendem a ser mais facilmente gerenciados do que outros medos de desenvolvimento

FOBIA: um medo repentino e excessivo que ocorre com ou sem a presença de estímulos – qualquer associação com a memória pode gerar uma resposta. Essas fobias são mais difíceis de gerenciar de forma eficaz do que ansiedade ou medos.

SINAIS: Um animal que tem uma sensibilidade para um determinado estímulo / situação e exibe uma linguagem corporal que é excessiva em intensidade ou duração.

TRATAMENTO

A fim de tratar o animal de um medo de fogos de artifício, precisamos, antes de tudo, distinguir em qual aspecto dos fogos de artifício o animal é sensível. Isso poderia ser um estrondo alto / súbito, a frequência aguda de um fogo de artifício sendo liberado, vendo o fogo de artifício explodir no céu, ou os aspectos mais peculiares como o cheiro de fogos de artifício ou fogueiras, a presença de visitantes durante fogos de artifício, pressões em animais sensíveis a tempestades.

A melhora é possível em mais de 90% dos animais se uma terapia comportamental é realizada, mas uma “cura” completa das sensibilidades ao ruído é pouco frequente. Portanto, precisamos o ambiente ao nosso redor e o próprio animal.

EDUCAÇÃO E COMPORTAMENTO DO TUTOR

Pra atuar diretamente, no sentido de realizar uma terapia comportamental em um cão que se afeta por fogos de artifício, precisaremos de tempo, por isso o trabalho deve ser feito com antecedência e de preferência com auxílio profissional. O que o tutor pode fazer é se educar e ser consistente e ajudar o seu cão.

Algumas sugestões:

1) Atitude do tutor: Oferecer suporte será sempre a melhor postura, se seu cão precisa de ajuda, ofereça
2) Evite deixar seu cão sozinho
3) Faça um passeio de qualidade, sem muita excitação, mas dando oportunidade desse cão farejar bastante e de preferência tendo contato com a natureza
4) Ofereça ossos recreacionais, kongs etc no dia a dia!
5) Na hora próxima ao evento, ofereça comida em pasta em comedouros lentos, o ato de lamber ao invés de mastigar pode ajudar a relaxar
6) Ofereça uma área de segurança, uma caminha ou toca onde o cão possa ficar confortável e menos exposto ao ruído.
7) Existem algumas alternativas naturais que prometem ajudar o cão, leiam e se informem a respeito com o veterinário de sua confiança
8) Redução de estresse nessa época, retirando excessos e incluindo possibilidades de relaxamento irão ajudar o quadro do cão! Se possível, ofereça diariamente ( caso seu cão goste) uma massagem relaxante ao seu cão!

Todo esforço pra ajudar um cão que sofre de sensibilidade a barulhos de fogos de artificio será sempre no sentido de aumentar bem estar e calma, evitar excitação e estresse. Imagina que as emoções dos cães ficam em um balde, quanto mais emoções existirem nesse balde maior a possibilidade de transbordar. Se um cão já tem um balde muito cheio e for submetido a algo que ele tem muita sensibilidade como o caso dos fogos de artificio, a probabilidade desse balde transbordar é muito grande. Portanto, vamos sempre manter esse balde o mais ameno possível pra que isso ajude a passar por esse momento mais intenso sem que transborde e exceda os níveis de estresse.

Caso, de fato, a opção seja o treinamento, ele terá que ser feito com uma certa antecedência e sempre com auxilio de um bom profissional que será capaz de avaliar o caso de seu cão individualmente. Aplicar uma terapia comportamental exige técnica, compreender linguagem, individuo, e as ferramentas necessárias.

Por Milena Matias
DogFeel Adestramento e Educação Canina

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Milena Matias

Psicóloga e adestradora.
Atuou e se especializou em diversas áreas da psicologia clínica. Em 2015 se envolveu e se apaixonou por comportamento canino e adestramento sendo aluna de consultoria e realizando cursos na área, focados na educação sua própria cachorra. A partir daí não parou mais.
Em 2017 decidiu então se especializar na área : Investiu em inúmeros cursos onlines e presencial, buscou oportunidade de estagio na Auau Creche Canina em Salvador e atendeu alguns casos sob supervisão. Em 2018 realizou formação pela NORTHERN CENTRE FOR CANINE BEHAVIOR- UK no nível 3, além de participar de outros cursos nacionais e internacionais importantes como o Chicken Camp.
Atua hoje como adestradora em São Paulo -região Oeste, além de realizar consultorias online em casos específicos. Acredita que qualquer profissão que lide com comportamento necessita de muito envolvimento e atualização constante. Percebe o quanto o seu histórico e carreira como psicóloga influi positivamente na sua percepção e cuidado com as famílias e cães.
Tem como forte referência de atuação o Adestramento Funcional da Dante Dog Works, sendo aluna de todos os cursos ofertados pela empresa brasileira.
É Sócia da Dogfeel- adestramento e comportamento canino
Onde aposta fortemente na força do vínculo e no melhor relacionamento entre as famílias e cães

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